Em que momento assistir pessoas comendo se tornou algo tão popular quanto alguém cozinhando? Quando o prazer de vigorosas garfadas num prato atraiu tantas curtidas e visualizações da experiência do outro em saciar a alegria em algo, compartilhando com desconhecidos, algo trivial mas extremamente necessário, onde todos os dias repetimos em casa ou na rua?
Sem pesquisar absolutamente nada, baseado apenas na minha observação como um mortal que gosta muito de comer e cozinhar, acredito que o ato resume um prazer singular a qualquer outra atividade do ser humano onde não há outro sentimento senão alegria. Mesmo se há cansaço ou até raiva, a cada colherada, há um certo torpor que irá criar um sentimento concreto de alívio, alegria e saciedade.
Pense no primeiro pedaço de uma batata frita, um naco de carne com molho, aquela couve no alho, pão com manteiga derretendo, spaghetti e queijo, gema escorrendo sobre arroz, feijão caldoso, saladinha bem crocante ou o sal de qualquer coisa se encontrando com suas papilas gustativas e o sabor de qualquer coisa.
Dividir esta experiência é algo tão valioso quanto publicar uma receita. Gosto de pensar numa ideia de verdadeiro desejo que você assistindo também sentisse quase o mesmo sentimento de alegria. Uma dica deste lugar aqui, esse prato aqui precisa ser conhecido, restaurante pouco conhecido tem algo especial, olha essa entrada num dia de calor, esse chef faz algo especial com isso e por aí vai.
Nós acabamos nos colocando no lugar do outro. É inevitável. E ao contrário do que possa pensar, quero acreditar num ato de carinho não ostentação daquilo, embora isso aconteça. Gostaria que fosse um mundo onde compartilhar alegria não criasse inveja ou algo parecido e todos tivessem o mesmo direito a um bom e honesto prato de comida.
E tão importante quanto o prazer de comer, também deveria ser natural e não tão televisionado a coisa toda de cozinhar para alguém ou para você mesmo. Tudo virou entreterimento, muita coisa plástica demais, forçada, roteirizada num mundo onde nem uma receita segue uma regra diante das circusntâncias.
A popularização dos programas de culinária na televisão remonta às décadas de 1940 e 1950, com a estreia de programas como "The French Chef". No entanto, a "febre" atual se intensificou com o surgimento de reality shows de competição culinária, como "MasterChef".
O aumento da popularidade dos programas de culinária levou a um maior interesse em cozinhar em casa, com pessoas buscando aprender técnicas e receitas de chefs famosos. Isso se traduziu em um aumento no consumo de cursos de gastronomia, livros de receitas e utensílios de cozinha, e também em uma mudança no estilo de vida de muitas pessoas.
A pandemia de COVID-19 também teve um impacto na popularidade dos programas de culinária, com o aumento do tempo que as pessoas passam em casa e o uso das redes sociais para encontrar inspiração e receitas. A "febre" dos programas de culinária também levou a uma maior diversidade de formatos, com a criação de programas de receitas para diferentes públicos, incluindo veganos e crianças.
Entre os programas de culinária mais populares no Brasil, destacam-se "MasterChef Brasil" (Band), "Mestre do Sabor" (Globo) e "Pesadelo na Cozinha" (Band). Também existem programas de culinária no streaming, como "Guerra Culinária" da Netflix.
Apesar do sucesso dos programas de culinária na televisão aberta, alguns reality shows estão perdendo espaço, com a concorrência de outros formatos e a saturação do mercado. No entanto, programas como "MasterChef" e "Pesadelo na Cozinha" continuam a atrair audiência e a gerar interesse no público.
Pode ser um pensamento romântico, mas gostava da ideia da cozinha ser cultivada em família, receitas passadas de geração a geração, a comensalidade familiar ser algo natural. Uma foto daquele jantar com seus pais, avós, tios, primos, pia cheia, panelas e panelas, não sei, sinto mais falta disso e estou mais saturado das imagens produzidas, seus filtros, textos cheios de gratidão ou qualquer coisa retirada a esmo de um livro.